Por Lucas Chiquetto
Use todo o seu poder de imaginação e imagine isto:
“A COVID-19 foi erradicada do mundo e, a partir de agora, oficialmente, nenhuma medida de segurança precisa ser mais tomada! Vamos matar o desejo e a saudade de abraçar e beijar as pessoas que tanto amamos, vamos àquele restaurante que tanto gostamos e vamos aproveitar aquele espetáculo que não víamos a hora de contemplar. Sabe aquela viagem tão esperada com a família ou amigos? Chegou a hora de realizar. Vamos voltar a praticar o esporte favorito, caminhar no parque, assistir àquele filme tão aguardado, com direito a muita pipoca.. tudo sem máscara. Podemos voltar a passear no shopping… Aproveite e se dê de presente algo que deixe você muito feliz, simplesmente porque sobrevivemos a uma das piores crises sanitárias que o mundo já viveu (e ainda vive). Vamos voltar a celebrar a vida, cada um, na sua melhor maneira”.
Parece sonho, não parece? Pois é. Todo mundo deseja profundamente ouvir em todos os noticiários e ler na internet esse tipo de informação, porque, de verdade, ninguém aguenta mais tudo isso que estamos vivendo. Mas, ao mesmo tempo, chega a ser curiosa a capacidade do ser humano de se adaptar às mais diversas situações da vida, tanto para o lado positivo quanto para o negativo. Olha essa pandemia que ainda estamos vivendo: “parece ser comum” – para parte da população – saber a notícia de que morrem, quase que diariamente, mais de 1.000 pessoas, e que já ultrapassamos a terrível marca de mais de meio milhão de vidas perdidas e famílias devastadas somente no Brasil, sem contar no mundo. Sabemos que esse não é o novo normal, e que, apesar de muitas perdas trágicas para muitas famílias, isso tudo vai passar, e vai deixar marcas e cicatrizes de momentos que não vamos querer lembrar. Mas vai passar.
A pandemia, apesar de trágica, trouxe muitos benefícios. Parem e pensem: Quantas vezes, antes do isolamento social, tentávamos resolver alguns assuntos via WhatsApp para não precisar ”perder tempo ” em reuniões presenciais? Então, isso se tornou real e foi muito bom.
A tecnologia tem nos ajudado muito, mas a reunião olho no olho, os treinamentos, congressos, cursos repletos de gente, aquele calor humano, sentir a energia das pessoas, sem dúvida, faz muita falta. São momentos de experiência que, às vezes, por meio da internet, não é possível sentir. Tem hora que chega a dar um aperto no peito de tanta vontade de estar com pessoas, mas, saber que, mesmo assim, ainda temos como nos conectar, alivia e nos faz pensar que poderia ser muito pior se não tivesse a tecnologia para amenizar esse isolamento.
E ficar sem abraçar e beijar as pessoas que a gente ama? Pois é, já faz mais de um ano e meio que deixamos de fazer isso, porque é importante seguirmos um dos protocolos para evitar o contágio, que é o distanciamento social. Estar perto já ajuda? Por enquanto, não é a mesma coisa, mas só o fato de estar próximo das pessoas que a gente ama, é motivo para agradecer.
Não sei se já aconteceu com você, mas comigo já, de algumas vezes, ao assistirmos a um filme, cena de show, teatro lotado ou algo do tipo, além de sentir saudade, achar tudo muito estranho. Pelo menos comigo acontece muito isso. E cenas de abraços então? É tão distante da nossa realidade, no momento, que o desejo aumenta ainda mais.
Para quem é mais caseiro, enfrentar o distanciamento tem sido “menos difícil”. Trabalhar em casa não é a mesma coisa que trabalhar no escritório, mas já é uma possibilidade de continuar. Eu fico pensando nas pessoas que não têm a mesma “sorte” e que precisam, todos os dias, arriscar as suas vidas para conseguirem seu ganha-pão.
Mas nunca podemos nos esquecer que, como tudo na vida, “nada é permanente”. Tudo isso vai passar e vamos ter a nossa rotina “de volta”. Teremos uma nova chance de fazer cada minuto da nossa vida valer a pena. Sabe por quê? Porque a gente aprendeu – e ainda está aprendendo – a ser mais solidário, a ser mais paciente – com as pessoas e com nós mesmos; a ser mais resiliente, a entender que não temos o controle de tudo e que tudo tem um propósito. Tudo está conectado. Já dizia o gênio Leonardo da Vinci: “Aprenda a enxergar. Perceba que tudo se conecta a todo o resto”. As coisas do mundo estão conectadas a nós, e nós estamos conectados ao mundo, numa simbiose perfeita.
O viver de hoje não é a mesma coisa que o viver de ontem, mas, mesmo assim, ainda é viver. E isso nos dá uma sensação de gratidão tremenda, não é mesmo?
Quase nada do que está acontecendo, neste momento, é a mesma coisa, mas… acreditar que tudo isso vai passar, com otimismo e muita fé, traz um conforto muito grande para qualquer coração.
Imagem de capa retirada da campanha da Colgate Paris.