Mostre, não fale. Saiba como fazer bom uso do Storytelling
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maio 28, 2020

Storytelling

Por Guilherme Lopes

Desde pequeno, fui uma criança fascinada por histórias de todos os tipos. Filmes, livros, desenhos e histórias que me eram contadas por outras pessoas. Ainda na adolescência, descobri o RPG de mesa (um jogo de interpretação de papéis) e, por meio dele, desenvolvi e narrei centenas de histórias para os meus amigos. Chegou ao determinado ponto em que eu acordava às sete da manhã e recebia meus amigos para que jogássemos até de madrugada. Ao meu ver, o RPG é a alma do Storytelling, pois envolve um grupo de pessoas em uma história e os torna parte dela.

Mas esse não é um texto sobre RPG (quem sabe no futuro?).

Contar histórias é uma incrível habilidade humana, são elas que dão vida a livros, filmes, séries, jogos e vidas! Tudo, praticamente TUDO, tem uma história e são poucas as pessoas que sabem como contá-las e torná-las mais cativante. Você, provavelmente, tem (ou já teve) um amigo ou parente que conta histórias de forma excepcional, sejam engraçadas ou mais sérias. E esse tipo de pessoa costuma ser o centro das atenções em uma roda de conversa, bate-papo etc. Isso porque somos naturalmente captados por narrativas interessantes e intensas. Nos identificamos com situações e personagens, nos mobilizamos com dramas e tragédias, nos recolhemos com suspense e horror e damos boas risadas com a comédia.

Agora, vamos falar sobre a junção de Storytelling e vendas.

Imagine que você está lançando um produto novo. E esse produto é uma cadeira. A cadeira tem como características marcantes o tamanho e a comodidade, já que é tão pequena e confortável que torna seu uso mais fácil para qualquer tipo de ambiente. Mas a pergunta é: como vendê-la? Qual a maneira mais objetiva de alcançar o consumidor ideal desse tipo de produto? O que irá fazê-lo comprar a cadeira? Afinal, o que fazer?

Tendo esses questionamentos em mente, para captar a atenção de uma pessoa é só saber contar uma história da forma correta, chamando sua atenção e criando uma conexão emocional com o consumidor. E o Storytelling contribui para que essa ponte seja construída.

E como surgem as ideias?

Em primeiro lugar, conhecendo seu cliente! Faixa etária, poder de consumo, tipo de linguagem, detalhes minuciosos e coisas que podem gerar uma fagulha de inspiração. E, por meio disso, uma história fictícia é desencadeada para captar esse cliente: lembrar de experiências corriqueiras e ressaltar como aquela cadeira pode ser importante para ele, inserindo-a (estrategicamente) dentro de sua própria vida, sem que ele saiba (talvez algo parecido com o filme Inception). Dessa maneira, o consumidor se sentirá representado e isso, com certeza, vai chamar sua atenção.

Existem diversas maneiras de expor a história do seu produto. Que são:

  • Redes sociais: o coração da internet. Por meio das redes sociais, você dá vida e personalidade ao seu produto e à sua empresa. Um bom exemplo seria utilizar o Instagram para contar uma história sobre a cadeira e como ela pode ser útil no dia a dia (mais abaixo você encontrará um exemplo de história a ser contada).
  • Blog: olha só, estou aqui contando uma história para você sobre como contar histórias. O blog é um meio muito útil para detalhar determinados assuntos, mas é claro que isso varia muito do tipo de consumidor. Se for pra vender uma cadeira, talvez a melhor opção seja explorar as informações técnicas do produto, ou desenvolver uma história em cima do produto para gerar curiosidade no leitor. Ai o que conta é a criatividade!
  • Ações: Seja no meio da rua, seja em frente do estabelecimento ou de um evento, ações que envolvam Storytelling, como teatro, apresentações musicais ou, até mesmo, flash mob, são ações pontuais que acontecem aleatoriamente.

Agora lá vai um exemplo de como o Storytelling ajuda muito!

Essa é a história de um casal que vive em um apartamento não tão grande assim, onde o espaço tem que ser bem calculado para a distribuição dos móveis. Eles possuem cadeiras grandes e desconfortáveis, que ocupam muito espaço na sala de estar, tornando difícil o acesso à cozinha, tendo sempre que desviar das cadeiras. E toda vez que se sentam para comer, as costas doem, situações engraçadas (e desconfortáveis) acontecem, coisas do tipo.

É neste momento que pode surgir A Cadeira (nossa cadeira imaginária, superconfortável e menor), de forma natural nos meio de comunicação ela capta a atenção dos dois em um momento no qual percebem que as cadeiras que eles têm, atualmente, são um infortúnio em suas vidas. Assim, A Cadeira incrível é inserida, mostrando todas suas vantagens (de forma natural, nada exagerado), com leves toques de humor e descontração.

Viu como foi simples? O casal da história tinha um problema e, até então, eles não procuravam por uma solução, já que era algo fora da percepção deles. Mas, então, a partir do momento que surgiram as magníficas cadeiras, eles perceberam que um erro deveria ser reparado, e com urgência!

É importante falar sobre o “mostre, não fale” (Show, don’t tell). Trata-se de uma técnica narrativa que tem como objetivo tornar a história mais próxima da realidade, e também é uma forma de não subestimar a inteligência do consumidor. Existem muitos filmes e novelas que fazem tudo de forma bem descarada, sempre mostrando e falando sobre os objetivos do personagem, deixando tudo bem quadrado e nada orgânico (muitas novelas mostram o personagem fazendo algo e falando sobre o que vai fazer, depois ainda tem uma cena do personagem pensando e narrando o pensamento sobre o que acabou de fazer). E mostrar, mas não falar, é exatamente o oposto disso. Você não deixa explícito que os personagens querem logo de cara a cadeira, antes, é preciso trabalhar em situações cotidianas, mostrando complicações de uma vida normal, tudo ocorrendo de forma natural, em nenhum momento eles soltam diálogos genéricos do tipo “Oh, céus! Está cadeira dura só me deixa cheio de dores nas costas!”. Tudo é sutil e objetivo.

Conectar seu consumidor por meio de histórias é uma forma muito eficiente de conquistá-los. E por que não começar a praticar o Storytelling nas suas redes sociais, blog, canal ou empresa? Tudo pode inspirar boas histórias, até mesmo uma cadeira.

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